sexta-feira, 15 de junho de 2018

Postura, um reflexo do pensamento

Será que o pensamento que eu penso que estou pensando,
é realmente o pensamento que eu penso que estou pensando?


Ao chegar a certa idade, geralmente a partir dos 30, muitos de nós pensamos que devemos trabalhar para obter uma boa postura. Pensamos que devemos cultivar e manter a musculatura 'forte' para continuar funcionando da melhor maneira possível dentro de nossos corpos. Pensamos que se nos esforçarmos, podemos melhorar nosso estado físico e nos movimentar com mais liberdade.

Assim entramos na cultura da 'malhação', continuamos a nos usar da mesma maneira errônea que primeiramente nos trouxe ao problema, e... 'malhamos'. 

Outro dia um 'atleta' me disse: "malhar é importante, eu só tive que parar por causa das lesões". Naturalmente ele não se deu conta da tamanha contradição que estava dizendo.
Em geral, tais dores se manifestam nos ombros, pescoço, lombar, e joelhos.

Sem perceber o dano que causamos a nós mesmos passamos a fazer o certo, da maneira errada. E na ilusão de mudar nossa condição física, passamos a melhorar nossos erros ao invés de erradica-los.

Eu nasci em 1964, desde a adolescência até 1999 para ser mais precisa, eu sentia dores na lombar, ombros e entre as escápulas, e mais tarde os joelhos começaram a reclamar. As massagens ajudavam, e havia sempre um amigo para me 'estralar' a coluna. Mas eu considerava que essas eram dores 'hereditárias', afinal toda minha família sofre do mesmo. Muitos métodos, dentre outros a fisioterapia, me ensinavam como fortalecer minha musculatura para evitar que meu corpo continuasse a reclamar.

Em 1999, quando entrei em contato com a Técnica Alexander tudo mudou!
Meu primeiro professor da Técnica (Ron Murdock) me mostrou o que não fazer, e me proporcionou outras ferramentas, tais como aprender a me deixar em paz enquanto fazia minha semi-supina (repouso construtivo). Em uma questão de 20 a 30 sessões minhas dores sumiram, eu nunca mais tive que pensar em respiração e nem em postura.

Não, não é mágica, mas um método centenário de reeducação psico-física. Uma maneira diferente de trabalhar com seu corpo, de aprender a se movimentar a partir do verdadeiro alongamento da musculatura, e aqui não estou falando sobre os alongamentos que se fazem nas 'escolas do corpo', no parque, na praia e nas academias.

Essa Técnica me proporcionou escutar e respeitar as mensagens que o corpo envia, para poder voltar ao estado natural de funcionamento do meu corpo, sem a interferência dos hábitos.

A maneira habitual, consciente ou não, de usar a nós mesmos é que dita o funcionamento de nosso corpo, de nossa estrutura física. A maneira como eu penso (ou deixo de pensar em meu corpo) dita o funcionamento do meu sistema. O funcionamento do sistema dita a estrutura do mesmo, e a estrutura do corpo dita a maneira de como eu penso.

Assim, a única maneira de quebrar esse círculo vicioso é mudar a maneira de pensar.

Somente quando estamos conscientes de nossos hábitos é que podemos fazer a escolha de continuar nos movimentando da velha maneira, ou de parar de fazer o que nos levou ao problema.
Isso, Alexander chamou de inibição: o 'não fazer', não reagir ao estímulo.

Desde abril de 2004 eu dou aulas da Técnica Alexander. Muitas pessoas se beneficiam e se encantam com esse método. Esse te dá ferramentas, e a coragem de realmente se entregar a seu próprio processo. Entregar-se a si mesmo é o maior desafio que podemos enfrentar.

Nós professores da Técnica Alexander somos treinados para escutar tensão muscular com nossas mãos, a partir dessa escuta podemos guiar a atenção d@ alun@ para que el@ fique cada vez mais consciente de onde está contraindo a musculatura, podendo então parar de mover-se a partir da contratura habitual, promovendo o verdadeiro equilíbrio de tônus muscular do sistema como um todo, permitindo que o corpo respire e se mova com leveza e liberdade natural, aquela leveza e agilidade que qualquer criança sabe.

Nascemos respirando, a partir da curiosidade e desejo passamos a aprender a usar e coordenar nossos reflexos para nos mover, sentar, engatinhar e finalmente andar e correr.

Podemos voltar a esse estado de liberdade natural do corpo, que na evolução levou milhares de anos para se desenvolver. Devemos portanto respeitar o que a natureza criou, e aprender a pensar conscientemente durante a atividade, ao invés de tentar melhorar o que a natureza já nos presenteou.
E a partir dessa consciência, curiosidade e liberdade, aí sim podemos fazer todas as atividades que desejamos com mais leveza, agilidade e flexibilidade.

É uma alegria sentir-se livre no corpo, e na vida.









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